DAN 2024-07-24T17:16:57+00:00
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O povo Dan, oficialmente denominado Yacouba, pode ser encontrado na Libéria e na parte ocidental da Costa do Marfim. É lá que residem desde o século XVIII, mais de mil anos depois de começarem a abandonar o actual Mali, onde tudo indica que tenham a sua origem. Habitam em zonas de baixa montanha, a norte, e planaltos florestados, a sul, junto a povos como os We, os Grebo e os Kran.
Os Dan vivem da caça, da pesca e, sobretudo, do cultivo do cacau, arroz e mandioca. Organizam-se em grupos de clãs, embora ocasionalmente se criem organizações centralizadas, nomeadamente em tempo de guerra. É precisamente na guerra, assim como na iniciação dos jovens, nas competições desportivas, nas caças e noutro tipo de eventos recreativos, que se inserem os rituais mascarados dos Dan.

AS MÁSCARAS DAN

Segundo as crenças dos Dan, o modelo de cada máscara é ditado por um espírito que aparece a um indivíduo, por meio dos sonhos. Este espírito expressa o desejo de participar nas danças da tribo e é ele quem dá permissão para que a máscara seja ritualizada. Por esta razão, cada máscara é considerada imbuída de uma determinada personalidade e de um certo nome, que são apenas revelados ao indivíduo que a usa.
As máscaras Dan têm traços de estilo gerais, tais como testa alta, boca protuberante, queixo pontiagudo e uma aparência no seu todo delicada e sinuosa. Porém, a determinada actividade corresponde um diferente tipo de máscara, que possui características adicionais que lhe são específicas.
Os tipos de máscaras podem ser divididos em quatro tipologias principais: Bagle (ou Tankagle), Deangle, Zakpei Ge e Gunye Ge.

As máscaras Bagle (ou Tankagle) são usadas em danças recreativas. O portador da máscara canta e conta provérbios, acompanhado por músicos e coros. Estas máscaras são passadas de geração em geração dentro da mesma família e são reconhecidas pelas cicatrizes esculpidas nas faces.

Durante o período que antecede os rituais de circuncisão, os jovens rapazes residem em campos específicos, isolados da povoação a que pertencem. É neste cenário que aparecem as máscaras Deangle, utilizadas por um dos jovens, a quem cabe a responsabilidade de regressar à povoação para obter alimentação para os outros. Estas máscaras, que representam entidades femininas, têm por natureza os olhos rasgados, em vez dos habituais olhos redondos.

As máscaras de fogo, denominadas Zapgei Ge, são usadas exclusivamente nas regiões do norte, durante os períodos de seca. Os seus portadores são responsáveis pela supervisão dos fogos das cozinhas comuns, assim como das mulheres que nelas trabalham. Quanto às características definitórias, estas máscaras são facilmente identificadas pela tira de tecido vermelho que atravessa os olhos, ou, alternativamente, uma listra, também vermelha, pintada no mesmo local.

As máscaras Gunye Ge são abundantes nas corridas ritualísticas que visam entreter a população. Nestas corridas, a máscara torna-se o prémio de uma competição entre o actual detentor e aquele que o desafia.
Estas máscaras são identificáveis pelos olhos de tamanho maior, entre todas as tipologias. É comum que determinadas máscaras, especialmente as utilizadas nos rituais de iniciação, sejam convertidas em Gunye Ge, através da abertura dos olhos.

Existem ainda outros tipos de máscaras menos comuns, como é o caso das Bugle, máscaras de aparência agressiva e olhos tubulares utilizadas pelos guerreiros em cenário de guerra; das Ge Gon, com forma antropozoomórfica (habitualmente representando uma ave), que originalmente tinham propósitos lúdicos mas actualmente são utilizadas em celebrações recreativas; ou ainda as Ma go, vulgarmente conhecidas como Passport, máscaras pequenas que servem como talismãs de boa sorte e de proteção, frequentemente construídas como versões em miniatura de máscaras de herança familiar que obtiveram um valor prestigiado.

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